A Serra do Cipó é um destino que estávamos planejando voltar faz algum tempo (a última vez que estivemos lá foi para fazer as fotos após o nosso casamento). É uma região muito bonita e por ser perto de Belo Horizonte dá pra passar um fim de semana ou até mesmo fazer um bate e volta. Nossa intenção era fazer alguma trilha e decidimos fazer uma das mais tranquilas, a que leva até a Cachoeira da Farofa. Apesar de ter 8 quilômetros de comprimento em cada trecho (16km no total), o percurso é todo plano e muito bem demarcado. Preferimos sair e voltar de BH no mesmo dia ao invés de pernoitar na serra e isto inclui o deslocamento de cerca de 100 quilômetros até lá (1 hora e meia ou mais, dependendo do trânsito).
A cachoeira fica dentro da área do Parque Nacional da Serra do Cipó, ao contrário de algumas outras famosas da região (Cachoeira Grande, Véu da Noiva, Serra Morena, Capivara, por exemplo) que ficam em área privada. O ponto de partida é a Portaria Areias, cujo acesso se dá por uma curta estrada de terra que começa antes da ponte do Rio Cipó (pra quem está chegando na serra) bem ao lado da Pousada Cipó Veraneio. Há placas indicando esta entrada, não é difícil de achar não. Segundo o Google Maps, a estrada de terra tem uns 3 quilômetros mas é lenta. Em vários trechos, principalmente mais perto da MG10, dá pra passar apenas 1 carro de cada vez e tem que andar devagar.
Na Portaria Areias há uma boa estrutura para os visitantes, com grande área de estacionamento, banheiros, bebedouros, auditório e até uma área com duchas. Quem vai fazer alguma trilha deve preencher um formulário indicando horário de entrada e qual atração pretende visitar. Um pedaço do formulário fica com o visitante, que deve entregar na volta. Segundo uma funcionária do ICMBio, se alguém não devolve o formulário eles vão atrás da pessoa.
Trilha para a Cachoeira da Farofa
Nós saímos para caminhar mais ou menos umas 10 horas da manhã. Não caminhamos em um ritmo muito forte e gastamos um pouco mais de duas horas para chegar na cachoeira. Paramos apenas para beber água e em alguns lugares mais bonitos, como as travessias dos córregos. Temos que atravessar 3 fluxos de água no caminho, sendo que em nenhum deles há a necessidade de molhar os pés (eu digo necessidade, tem gente que opta por entrar na água por vontade própria). Um pouco antes da metade da trilha há o Córrego das Pedras. A água é limpa e há pedras que podemos pisar para atravessar sem molhar.
Atravessando riachos
Um pouco mais adiante temos que atravessar o Ribeirão Mascates, que tem um volume de água muito maior que o Córrego das Pedras. Até um tempo atrás tínhamos que tirar os calçados e atravessar andando mas agora foi colocado um pedaço de madeira comprido e ninguém mais tem que se molhar. A água do ribeirão é muito limpa e quando fomos tinha um monte de piabas.
Já quase chegando na cachoeira nós atravessamos o próprio riacho da mesma. Também muito bonito e limpo. Há pedras para quem não quiser molhar os pés mas é bom tomar cuidado porque algumas podem estar soltas.
Além de demarcada, a trilha é muito bem sinalizada. Em vários pontos onde pode aparecer alguma dúvida há placas sinalizando o caminho a ser tomado. Inclusive na saída da trilha há placas indicando as atrações e respectivas distâncias.
A cada quilômetro há um pequeno marco de concreto indicando quantos quilômetros faltam para chegar na Cachoeira da Farofa. Muito bom para saber o quanto já foi percorrido e até ter uma estimativa de quanto tempo falta.
Paisagens da trilha
A beleza da trilha não se resume aos riachos e cachoeira. Durante quase todo o percurso podemos ver o paredão de onde cai a cachoeira. No trajeto de ida ele fica ao lado esquerdo na maior parte do tempo e em nossa frente quando já estamos perto da Farofa.
Outro ponto bonito no caminho é a Lagoa Comprida. Na placa diz que ela tem 1 quilômetro de comprimento, mas não tentamos conferir se é verdade. 🙂
Na maior parte do tempo a trilha é aberta e com pouca sombra, então recomenda-se levar boné e abusar do protetor solar. Nós fomos no meio de Janeiro e no dia o calor estava castigando. Apenas no final da trilha, já quase chegando na cachoeira, que há um trecho com muitas árvores e sombra. Inclusive é um trecho muito bonito!
Cachoeira da Farofa
A cachoeira mesmo é muito bonita. Ela tem uma sequência de pequenas quedas e um poço de uns 20 metros de diâmetro. No dia em que visitamos ela estava muita cheia, justificando o nome de Cachoeira da Farofa, mas era esperado porque estava no meio das férias, estava muito quente e não tinha previsão de chuva no dia. Não estava fácil de tirar fotos por causa da quantidade de gente, mas nem nos preocupamos com isso porque nosso objetivo do dia era caminhar. E a água estava tão fria que muitos não animaram entrar, então foi fácil entrar na água e até relaxar embaixo da cachoeira.
O finalzinho da trilha, já chegando na cachoeira, demanda muito cuidado por ser um trecho cheio de pedras. Mas é pouca coisa, creio que uns 30 ou 40 metros.
Segurança na Serra do Cipó
Um tema que conversamos durante o passeio foi em relação a segurança. Depois que um casal foi assassinado na Serra do Cipó no fim de 2013 e de relatos de assalto na estrada na região próxima a São José de Almeida, a questão de segurança nos preocupava um pouco quando o destino era a Serra. A Camila Navarro, do blog Viaggiando, fez um post falando do assunto. Nós fomos em um grupo de 6 pessoas, divididas em 2 carros. A estrada estava cheia no dia (tanto na ida quanto na volta), assim como a trilha dentro do parque. Em nenhum momento tivemos sensação de insegurança e isto nos motivou muito a querer voltar. Mas de preferência em um grupo grande com pelo menos 2 carros.
Informações sobre a Serra do Cipó
- A Serra do Cipó fica a cerca de 100 quilômetros de Belo Horizonte pela MG-10 passando por dentro de Lagoa Santa
- Após fazer a trilha é possível almoçar em algum dos restaurantes fora do parque. Eu sempre achei a Serra do Cipó com pouca oferta de bons restaurantes mas desta vez notamos alguns novos. Parece que está melhorando
Informações sobre o Parque Nacional Serra do Cipó
- O parque fica aberto de 08:00 às 18:00. Em época de calor pode ser uma boa ideia chegar mais cedo para fazer a ida com o tempo mais fresco
- Segundo a funcionária do ICMBio com quem eu conversei na portaria, pode-se beber da água dos riachos que tem na trilha. Nós consumimos apenas a água que levamos mas se for beber a água de lá eu levaria algum purificador
- Não há venda de comida na portaria do parque, então tem que levar o que for consumir lá dentro. Pode levar de Belo Horizonte mesmo, mas nós compramos sanduíches na Padaria Florença, em Lagoa Santa. Há padarias fora da área do parque, mas nós preferimos garantir antes
- Quando fomos não havia cobrança de entrada no parque. Segundo um funcionário do ICMBio esta cobrança já não existe desde 2011. Então a única obrigação do visitante (além obviamente dos procedimentos de preservação) é preencher o formulário de entrada
- Há aluguel de cavalo e bicicletas na entrada do parque. Pode ser uma boa opção para quem não quer fazer a caminhada completa. No final da trilha há lugares específicos para deixar os cavalos e as bicicletas
- Não há exigência de guia para fazer a caminhada mas há agências por lá que oferecem o serviço. É bom lembrar que é sempre recomendado andar acompanhado nesse tipo de lugar
- O visitante deve tomar cuidado com chuvas porque se o nível dos córregos subir a travessia pode ficar complicada
- Se for visitar o parque na época de seca é aconselhável levar repelente. Os carrapatos de lá costumam ser grandes e desleais 🙂
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