Revelando a Foto – Yellowstone National Park »
Um dos motivos da nossa visita ao Denali National Park foi a possibilidade de ver vida selvagem do Alasca (já deixamos isso claro no post em que falamos sobre nossa visita ao parque e no Revelando a Foto – Urso no Denali National Park). Neste post vamos compartilhar mais detalhes sobre essa experiência incrível!
A preservação da vida selvagem foi a principal razão da criação do Denali National Park and Preserve em 1917. Nesta época o parque ainda se chamava Mount McKinley National Park.
A melhor forma de visualizar vida selvagem no Denali é através dos passeios de ônibus pela Denali Park Road, seja tour ou shuttle bus. Eles são planejados de forma que o ônibus pare onde tiver algum animal, a menos que momentaneamente alguma área esteja fechada pela segurança do parque. Os ônibus são altos e permitem que o passageiro tenha uma vista privilegiada, podendo ver acima dos arbustos que estão presentes em boa parte da baixa vegetação do parque. Além disso, no ônibus são muitos olhos procurando os animais, o que aumenta a chance de uma visualização. A maior parte dos passageiros estavam com binóculos e conseguiam avistar bem a longas distâncias. Nós sentimos falta de binóculos e pretendemos levar da próxima vez que visitarmos o parque. Até compramos um binóculos pequeno depois no visitor center, mas não ajudou muito.
Quando os passageiros entram no ônibus, ainda no Wilderness Access Center, o motorista se apresenta e explica as “regras do jogo”. Os passageiros são responsáveis por procurar os animais (e nós percebemos que todos levam este “trabalho” muito a sério). O motorista até fica de olho procurando animais, mas sua função principal é dirigir. É impressionante a concentração na busca por qualquer sinal de vida selvagem. Um rapaz, por exemplo, conseguiu enxergar um lince canadense entre os arbustos com o ônibus em movimento. Quase não acreditei na hora.
Quando alguém avista algum animal grita um belo de um “stoooooop” e indica qual o animal que avistou e em qual direção. Normalmente eles se orietam como se fosse os ponteiros do relógio (exemplo, “Bear 3 o’clock” para indicar um urso na janela à direita do ônibus). A cada grito, o motorista para o ônibus e fica um tempo suficiente para que todos tenham a oportunidade de ver o bicho. Inclusive o motorista manobra o ônibus para que todos tenham um ângulo de visão sem obstáculos, se for possível. E todos os passageiros conseguem apreciar os ilustres moradores do parque de forma satisfatória. 🙂
Algumas regras devem ser seguidas quando o ônibus para quando algum animal está por perto:
- Todos devem fazer silêncio
- Ninguém pode descer do ônibus
- Ninguém pode colocar partes do corpo para fora do ônibus (isso mesmo, sem botar o cabeção ou o braço pra fora)
- Pode colocar a lente da câmera para fora (importante :))
A ideia principal é não atrapalhar o ambiente e ser o menos intrusivo possível. De acordo com os motoristas se um animal vê o ônibus e não nota as pessoas lá dentro ele pensa que é algum elemento da natureza e não se incomoda. Ele apenas desvia do ônibus como se fosse uma pedra. É muito importante que eles continuem agindo assim para segurança dos passageiros (até hoje nenhum animal atacou um ônibus). A foto abaixo, por exemplo, foi tirada com o ônibus parado a cerca de 15 metros desses dois ursos grizzly e eles não dão a menor bola para o ônibus. Difícil conter o silêncio em momentos tão fantásticos!
Segundo informações do site do parque sua fauna é constituída por:
- 1 espécie de anfíbio
- 39 espécies de mamíferos
- 169 espécies de aves
- 14 espécies de peixes
- Nenhuma espécie de réptil
Dentre as espécies que habitam o parque se destacam os ursos grizzly, alces, caribous, lobos, linces e dall sheeps. De todos estes só não avistamos lobos, que pelo que percebemos são realmente mais difíceis de serem vistos. As dall sheeps nós vimos bem de longe pois elas ficam a maior parte do tempo no alto das montanhas tentando fugir de predadores.
Uma espécie de ave característica da região é a Ptarmigan. Tivemos a sorte de ver algumas à beira da estrada.
Apesar da abundância de vida selvagem no Denali, os animais não sao treinados e não se sabe quando e onde vão aparecer. Quer dizer, a nerd afirma com certeza que os animais maiores na verdade são park rangers que não bateram as metas do mês anterior e tem que ficar fantasiados para divertir os visitantes, o que é polêmico. 🙂 Fato é que para aumentar a chance de ver os animais o melhor que se pode fazer é ficar mais tempo no parque. E foi isso que fizemos. Nós decidimos ficar por lá 3 dias completos e uma tarde. Eu tinha colocado como meta ver pelo menos um urso grizzly e um caribou. Pesquisando em fóruns na Internet eu percebi que a maioria das pessoas vê pelo menos um grizzly e um caribou por dia. Então decidi deixar logo 3 dias completos para maximizar essa chance e não me arrependi.
No dia em que fomos de carro de Anchorage para o Denali nós chegamos no parque no início da tarde. E considerando que na época que fomos ainda permanece claro até às dez da noite, nós resolvemos começar a explorar o parque naquele mesmo dia. Pegamos o carro e fomos conhecer as primeiras 15 milhas da Denali Park Road, trecho pavimentado e onde podemos dirigir por conta própria. Fomos até o final da parte pavimentada onde há uma ponte sobre o Savage River e um estacionamento. E não é que ao parar no estacionamento e olhar para o rio nós vimos 2 caribous machos em posição de briga? Paramos o carro e corremos para tirar algumas (várias) fotos.
Foi difícil conter a emoção e a empolgação. Um bicho muito bonito e logo de cara vimos dois machos adultos. Thanks, Denali! Mas ainda faltava o grizzly…
Decidimos ir embora para o Denali Morning Hostel fazer check-in e dormir mais cedo. No outro dia tínhamos que pular da cama antes das 6 pois compramos ticket para o ônibus que saía 7:20. Assim feito, sem atraso o ônibus partiu na manhã seguinte. Acabou a estrada pavimentada e nada de grizzly. Entramos na estrada de terra. Em pouco tempo a primeira aparição em passeio de ônibus. Ao longe, perto de um rio, outro caribou. Muito bom, mas tínhamos visto dois muito perto da gente no dia anterior e nem nos empolgamos tanto. Depois disso foi um bom tempo sem nenhum animal. Apenas as inesquecíveis paisagens do parque. Até que em um momento logo depois de passar pelo Sable Pass veio o segundo “stoooooop” do dia. E lá estava ele. Um grizzly! Longe, subindo um morro há uns 200 metros da gente. Mas estava lá, se alimentando para juntar energia para o inverno que não demoraria a chegar. Meta alcançada, já tinha visto o caribou e o grizzly que eu tanto queria. Thanks again, Denali! Em menos de 24 horas você já tinha me mostrado 3 caribous e um grizzly.
Quando estávamos próximos ao Eielson Visitor Center o ônibus parou novamente. Alguém viu outro grizzly! Mas não era só um, eram dois! Dois não, eram três! Três não, quatro! Quatro não, cinco! Ops, cinco não, nerd, segura a empolgação! Eram quatro mesmo. 🙂 Estavam pastando tranquilamente, enquanto os park rangers fechavam todas as trilhas ao redor do Visitor Center cuidando da segurança de todos (pessoas e ursos).
Já na volta, chegando no Toklat River Rest Stop o ônibos parou de repente. Dessa vez não eram quatro, apenas dois. Mas estavam muito perto da estrada. E aí ficamos um bom tempo parados observando e tirando fotos. Até que eles entraram no meio do mato e não os vimos mais. Foi a última aparição do dia e contando outros três que apareceram sozinhos foram 10 ursos grizzly no primeiro dia de passeio.
O segundo dia de passeio foi mais sem graça em relação aos ursos grizzly. Foram apenas dois, e mesmo assim nem foram tão perto. Mas vimos um lince e um coiote para compensar. E como o dia estava limpo pudemos ver o Mount McKinley descoberto em várias oportunidades.
No terceiro dia eu já estava satisfeito da vida. Já estava com a missão cumprida e ficava apenas olhando pela janela curtindo a paisagem. Qualquer aparição seria lucro. O tempo estava muito fechado e não esperávamos ver nada. Logo no início do trajeto, ainda no trecho pavimentado eis que surge um alce atravasseando a estrada.
No meio do caminho, avistamos alguns ursos. Um deles ainda se exibiu de pé para delírio dos turistas e fotógrafos dentro do ônibus. 😀
Nosso ônibus já estava fazendo o caminho de volta, próximo ao Highway Pass, avistamos um bando de caribous andando bem próximo à estrada em direção às montanhas.
O Denali resolveu se despedir da gente com chave de ouro. Próximo ao Sable Pass, uma mamãe grizzly apareceu exibindo seus dois filhotes. A criançada que estava dentro ônibus delirou. E a criança grande aqui também. 🙂
E um tempo mais tarde, já na parte pavimentada da estrada um último urso grizzly aparece do lado da estrada. Havia muitos carros e pessoas próximas ao animal.
Este último foi o oitavo urso grizzly daquele dia, vigésimo no total. E eu tinha pedido apenas um. Contabilizando os caribous, alces, lince, coiote, inúmeras paisagens, o Mount McKinley e uma inesperada aurora boreal na primeira noite eu não pude resistir e o Denali acabou ganhando o posto de meu parque nacional americano favorito, espaço antes ocupado pelo majestoso Yosemite. Ok, Yosemite, eu sei. Eu não te dediquei o mesmo tempo e você vai ter seu direito de resposta. Mas já adianto que você vai ter que rebolar muito pra conseguir seu lugar de volta! 😛
Abaixo listamos algumas informações a respeito da vida selvagem e procedimentos de segurança no caso de encontrar os animais no Denali:
Show!!!
Que bom que você gostou, Oscar!
Abraços,
Helder
Cada foto mais linda que a outra! Parabéns!
Valeu, Karla! =)
adorei! fica longe de Anchorage? e as montanhas, muito lindas?? tu conseguiu ótimas fotos!
Que bom que você gostou Cláudia!
Nós gostamos demais da combinação de vida selvagem e montanhas desse parque, sem contar as lindas cores de outono que pegamos lá.
Ele fica cerca de 390 km de Anchorage (em direção norte), então tem que dormir por lá. Como era nossa prioridade, nós tiramos 4 dias para visitar o parque.
Abraços,
Helder
Oi, Helder! Adorei o post! As fotos ficaram lindas!!! Realmente, deve ser emocionante ver os animais livres e tranquilos. As montanhas também são lindas! Adorei o lince, pois amo felinos! Abs!
Oi Ana Paula, obrigado pelo elogio!
Foi realmente uma experiência muito interessante ver os animais soltos no ambiente deles e ainda mais combinado com essas belas montanhas. O guia falou que o lince é um dos mais difíceis de ser ver, acho que a gente deu sorte nessa. Foi muito legal 🙂
Abraços,
Helder
Oi, Helder. Tudo bem? 🙂
Seu post foi selecionado para a #Viajosfera, do Viaje na Viagem.
Dá uma olhada em http://www.viajenaviagem.com
Até mais,
Natalie – Boia Paulista
Oi Natalie, tudo bem e você?
Obrigado, ficamos muito contentes por poder colaborar!
Até mais,
Helder
Incrível! National Geographic que se cuide! 🙂
Valeu, Fernanda! 😀 Ficamos felizes com seu comentário!
Helder, que sorte a sua!! O primeiro urso a gente nunca esquece. O meu foi em Yellowstone. Estamos indo para o Alaska em julho e minha dúvida é sobre as trilhas. Você chegou a descer do ônibus e fazer alguma trilha? Sei que não há trilhas demarcadas na maior parte do parque e fico receosa com a segurança e encontrar o caminho de volta. Teremos uma tarde, dois 2 inteiros e uma manhã no Denali. Reservei o ônibus apenas um dia. Penso em fazer as trilhas disponíveis nas 15 primeiras milhas do parque. De qualquer forma, seu relato já ajudou muito. Obrigada!
Oi Ludmila, tudo bem?
Acho que não vou poder ajudar muito, nós devemos do ônibus apenas para caminhar na própria estrada, não chegamos a nos afastar. As demarcadas com certeza são mais seguras, perto da ponte onde acaba o asfalto tem uma, se não me engano. No Eielson Visitor Center também tem. Procure um pouco também no site do parque algo a respeito de caminhadas com os rangers, na época que eu fui eu acho que tinha alguma legal.
Abraços e boa viagem! Alasca é sensacional.
Helder